segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A luta fútil de uma geração

A história de Hinoo Onoda supera as melhores ficções. “Em 10 de março de 1974, quase trinta anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, o tenente Hiroo Onoda finalmente entregou sua espada enferrujada e se tornou o último soldado japonês a se render. Onoda fora enviado para a ilha tropical de Lubang, nas Filipinas, em 1944, com ordens para conduzir uma operação de guerrilha e impedir que as tropas inimigas atacassem aquela ilha.

Quando a guerra terminou, Onoda se recusou a acreditar nas mensagens que anunciavam a rendição dos japoneses. Por 29 anos, muito depois de todos os seus companheiros terem se entregado ou serem mortos, Onoda continuou defendendo aquele território em favor do exército japoneses. Ele se escondeu na selva, vivendo do que a terra produzia, roubando comida e suprimento dos cidadãos locais, evitando uma patrulha após outra e matando pelo menos trinta cidadãos locais durante esse tempo. Os aliados gastaram centenas de milhares de dólares para localizar aquele soldado solitário e convencê-lo de que a guerra havia terminado.

Jogaram na selva panfletos, recortes de jornais, fotografias e cartas de amigos de Onoda. Mandaram recados através de alto-falantes, insistindo que ele se rendesse. Quase treze mil homens foram remanejados nessa operação antes que Onoda recebesse uma ordem pessoal do seu antigo comandante, deixando-se persuadir a desistir da luta fútil e solitária que vinha travando por tantos anos *

Em sua autobiografia, [em português, “Os Trinta Anos de Minha Guerra”] esse obstinado soldado confessa como foi terrível o dia em que, finalmente, acordou para a realidade: “Senti-me como um tolo. O que estivera fazendo todos aqueles anos?”.

Eu gosto da história de Hinoo Onoda por dois motivos: primeiro, porque ela sempre causa espanto e curiosidade. Todos nós ficamos abismados como alguém pôde perder tanto tempo e ser tão tolo quanto à óbvia realidade. Como pôde continuar dando a vida por uma guerra perdida? O segundo motivo é porque, apesar de triste, a trajetória deste soldado de um exército fracassado, é uma parábola de nossa geração.

Posso olhar os jovens hoje, correndo atrás das coisas deste mundo, e ver Hinoo Onoda. Posso olhar a luta cega e obstinada da nossa geração pela liberdade do sexo e do homossexualismo, em favor do prazer ilimitado, a busca pelo status social, a defesa do ateísmo, e ver soldados lutando em vão. Lutando por um exército que embora, em auge, já tem o seu destino traçado: a perdição.

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* trecho retirado do livro "Render-se completamente à Deus", de Nancy De Moss.

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