terça-feira, 23 de agosto de 2011

Jerusalém, sofrimento do mundo

Jerusalém viveu, como nenhuma outra cidade no mundo, a maldição do sangue derramado. Quer pelo sacrifício dos animais sobre o altar do seu antigo templo judeu; quer pelo sacrifício de Cristo na cruz, quer ainda pelo sacrifício cotidiano dos homens contra os seus muros. No entanto, “Yerushalayim”, significa, em hebreu antigo, “a cidade da paz”, e os seus primeiros habitantes tinham se instalado na costa do monte das Oliveiras, árvores cujos ramos se tornaram símbolo universal da harmonia. Uma sucessão interminável de profetas tinham ali proclamado a paz de Deus para os homens, e Davi, o rei judeu que fizera de Jerusalém a sua capital, tinha-a honrado com esta invocação: “Orai pela paz de Jerusalém”.*

As frases que você acabou de ler foram retiradas do livro “Ó Jerusalém”, escrito pelos jornalistas Dominique Lapierre e Larry Collins. Com mais de três anos de pesquisa, visitas ao Oriente Médio, entrevista com mais de duas mil pessoas e quinhentos quilos de documentos secretos, os autores relatam com minuciosidade e perspicácia, o longo conflito entre árabes e judeus, e falam sobre o coração desta guerra – Jerusalém.

Em 1967, quando o livro foi escrito, talvez se pensasse que a disputa em Terra Santa logo acabaria. Mas não. Até hoje os telejornais têm que arrumar espaço para anunciar algum novo ataque, outra lista de mortos e feridos, ou as novas decisões políticas dos líderes de ambos os lados da briga. E ficamos a nos indagar: quando tudo isso terá fim?

Quando Jerusalém aparece na Bíblia pela primeira vez, ela é apenas uma fortaleza habitada por jebuseus. A cidade que Deus já havia escolhido para ser sua e de seu povo (Dt 12:11), precisava ser, antes de qualquer coisa, conquistada, porque estava nas mãos de inimigos. E durante toda sua história, o único período de glória e paz que a cidade pôde relatar, foi quando o seu primeiro rei e conquistador reinou sobre ela.

Foi só depois que o lendário rei Davi, filho de Jessé, derrotou todos os inimigos de Israel, que nunca foram poucos, que a nação vivenciou seu tempo histórico de desenvolvimento. Foram as espadas e a força do Rei Davi que coroou Jerusalém como centro do mundo e do coração dos israelitas. A história deste pedacinho de terra no lado oriental do mundo parece se entrelaçar com a nossa história. Não fomos nós criados e escolhidos por Deus, mas perdidos nas mãos do grande inimigo? Foi preciso um rei derramar muito sangue para nos conquistar.

Desta forma, a história da cidade amada por Deus, sempre foi marcada por guerras. Mas não é só nós que Jerusalém representa. Ela é, também, um símbolo vivo da humanidade, que sofre a olhos nus a consequência da maldade e do pecado. Como um termômetro, a cidade hoje anuncia que a Terra toda perece. E enquanto as nações insistem em rejeitar ao Deus de Israel, da Terra e dos Céus, Jerusalém grita denunciando a ausência de paz no coração dos povos.

E não é só as nações que Jerusalém denuncia. A cidade, igualmente, acusa o seu próprio povo; ao tornar verdadeiras as palavras de lamentação de Jesus, que previu muita destruição e abandono, até que seus moradores dissessem: “Bendito aquele que vem em nome do Senhor!” (Lc 13:35/Lc 19:41-44). A paz e a segurança que ainda não vieram sobre Israel são provas de que as promessas feitas pelo Senhor (Jr 32: 36,37/ Rm 11:26) ainda não foram plenamente cumpridas.

Precisamos deixar que a alerta que Deus faz, usando Jerusalém como trombeta, nos desperte. Já é tempo de perdemos a esperança na política dos homens maus, pois a Paz só irá reinar novamente sobre a cidade, quando o seu Rei retornar. “Ora vem Senhor Jesus!”

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* “Ó Jerusalém”, de Lapierre e Colins – Editora Círculo do Livro, 1971.
Foto de John Phillips, 1948.

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