domingo, 7 de novembro de 2010

Raízes: por que nos preocupamos com isso?


Como seriam nossas vidas sem a capacidade de nos lembrarmos do passado? Num intrigante conjunto de estudos de casos médicos intitulados “O Homem que Confundiu sua Esposa com um Chapéu”, o neurologista Oliver Sacks nos apresenta uma vívida e perturbadora resposta a essa pergunta. Sacks relata o caso de um homem de cinqüenta anos chamado Jimmy, que como conseqüência do alcoolismo, sofre de perda permanente de memória. Jimmy pode lembrar-se com grandes detalhes dos acontecimentos em sua vida antes de completar vinte anos de idade mas, depois disso, tudo se encontra no mais completo esquecimento. Mais angustiante ainda é o fato de que, quando alguma coisa lhe acontece, ele apenas consegue lembrar-se dela durante alguns segundos.

Imaginemos isso: ele se encontra co uma pessoa e conversa animadamente com ela mas, dentro de alguns segundos, ela se tornará novamente uma pessoa desconhecida para ele. Toda manhã ele se levanta, olha no espelho e se surpreende ao ver um homem cerca de cinqüenta anos, grisalho, olhando para ele. Todos os dias ele se perda pelas dependências do sanatório onde mora. Ele não pode jogar a maioria dos jogos ou acompanhar o enredo de uma história ou de uma apresentação de televisão. A cada poucos segundos o mundo todo de Jimmy começa novamente ao princípio.

Por trás da sua simpatia e empolgação infantil há uma infinita tristeza e uma oprimente solidão de um homem perdido no tempo. Jimmy perdeu seu passado e essa perda deixou seu presente sem qualquer significado, turvando seu futuro.

A vida humana, como nós as conhecemos e prezamos, simplesmente não é possível sem memória. Sem memória perdemos nossa identidade.

Trecho do livro “Raízes da Restauração – a gênese histórica do conceito de volta à Bíblia”, de C. Leonard Allen & Richard T. Hughes (pgs. 19 e 20) – Editora Vida Cristã, 1998.

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