quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Um rápido resumo da obra de C. S. Lewis


“Cristianismo Puro e Simples” é uma tentativa de Lewis em explicar e defender a fé cristã comum, que recebeu após muita relutância e, ao mesmo tempo, um precioso encontro com Deus. Escrito em 1963, o conteúdo é altamente atual e traz, na verdade, reflexões e críticas que seriam novidades para muitos cristãos de hoje.

Apesar do autor querer conscientizar os cristãos da sua própria fé, o começo da obra parece muito mais destinada à nãos cristãos, já que o ponto de partida é algo comum à toda humanidade: a lei natural. Essa é a base da defesa de Lewis, dizer que existe uma lei natural ao homem que diz dentro de sua consciência o certo e o errado.

Ele mesmo confessa que muitos estudiosos alegam que toda essa ideia de certo e errado é relativo à cultura, contudo Lewis defende – com bons argumentos – que apesar de algumas leis serem concernente à sociedade de onde surgiu, existe uma lei absoluta em qualquer cultura ou tempo. Essa é a “Lei do certo e do errado” também chamada de “Lei moral”, “Regra de bom comportamento” ou “Lei da natural”.

Há razões para crermos nisso. Uma delas é que os homens sempre estiveram assombrados pela ideia de um padrão de comportamento que se sentem obrigados à por em prática, mas nunca conseguem praticá-lo. Outra, é que as leis culturais e sociais são muito semelhantes entre si, apesar das diversidades culturais, o padrão é geralmente o mesmo. Um bom exemplo é o da infidelidade. Há países em que é permitida a poligamia, contudo em nenhum é permitido que se tenha relações com uma mulher já comprometida.

Se existe uma lei em nós, que é um padrão natural do ser humano e a humanidade, geralmente, não consegue cumpri-la, isso significa que ela veio de algo fora de nós. Queremos sempre saber o que existe acima de nós ou fora de nós. “Existe apenas um caso no qual podemos saber se ‘esse algo mais’ existe, a saber, o nosso caso”, explica Lewis, advertindo-nos voltar nossa atenção para algo que se manifeste dentro de nós mesmos.

O autor conclui sua defesa à respeito da lei moral, alegando que através dessa regra que existe em nós, podemos encontrar indícios de uma pessoa. Chegamos então à ideia de que existe uma pessoa fora de nós, que em algum momento colocou na nossa cabeça o princípio do certo e do errado. Para alguns, essa lei é dura e não possui nada de indulgente. Então já que começou a falar sobre Deus, Lewis descortina ao leitor sobre “o que acreditam os cristãos”, com o objetivo de revelar mais sobre o conceito de divindade.

Começa diferenciando os cristãos dos panteístas: “cristãos pensam que Deus inventou e criou o universo como um homem que pinta o quadro ou compõe uma música. Um pintor não é o que ele pinta”. Vai mais além, contando sobre a invasão do pecado no mundo e como isso não era vontade de Deus. Mas o que Deus fez diante da maldade que está corrompendo seus sonhos? Primeiro: deu à humanidade uma consciência, o sentido de certo e errado. Segundo: enviou à raça humana “sonhos bons” e terceiro: escolheu um certo povo (os judeus) e revelou à eles sua pessoa e que ele exigia uma boa conduta.

Outra coisa em que os cristãos acreditam é o arrependimento. Que significa desaprender toda a presunção e obediência a vontade própria, é depor as armas, render-se, pedir perdão e dar-se conta que tomou o caminho errado e estar disposto a começar uma vida do zero. Mas, “na verdade, só um homem bom pode arrepender-se. E isso nos leva a um paradoxo. Só uma pessoa má precisa do arrependimento, mas só uma boa pessoa consegue arrepender-se perfeitamente”. Só uma pessoa perfeita seria capaz de arrepender-se. Somos levados então à principal crença de um cristão: a morte de Cristo de algum modo encerrou nossos problemas com Deus.

Para entender melhor o homem, seu funcionamento e seu relacionamento com Deus após o pecado, Lewis entra na questão da moral. As regras morais são como instruções para fazerem as “máquinas humanas” funcionarem bem e sem problemas. Entre tanto para que o homem funcione bem, é importante que três aspectos da sua vida estejam bem. A primeira é o interior, a segunda, é a relação externa com os outros e a terceira é o rumo, o propósito, a missão de vida, para onde esse homem está indo. Na sociedade, existem diversas leis para que a convivência e o homem tente viver bem, fazendo sua máquina funcionar. Mas uma coisa é fato: nenhuma lei consegue mudar a maldade do homem.

Após falar sobre caridade, fé, orgulho, esperança, prudência e outras virtudes cristãs, Lewis começa a falar sobre a diferença entre ser gerado ou criado por Deus. Conclui então que os cristãos são diferentes de todas as outras pessoas. A humanidade foi criada pelas mãos de Deus, entretanto, apenas alguns foram gerados por Ele, e esses podem ser chamados “filhos de Deus”. O homem, na sua condição natural, possui apenas a vida biológica (bios), ele não possui a vida espiritual, a vida de Deus (zoé).

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